Quando a palavra é corpo inteiro
A arte do leitor ou do ouvinte é perceber o que sutenta a palavra
Se mão, se a perna, se outra parte, se o todo
O emissor se faz presente por inteiro?
Arbitrariamente se divide?
Intencionalmente se divide?
A arte assim pode diferenciar arte de técnica
Quando falo, escrevo, posso dominar a técnica do bem-falar ou do bem-escrever
Entretanto, falar por palavras pode estar restrito a uma parte do meu corpo
Se sei manipular, sei segurar e soltar letras
Se sei andar, sei também caminhar pelas frases
Falar com o corpo por inteiro é muito especial
Com meu corpo ando, pego, transpiro, pisco, respiro
A palavra todo-corpo não é abstração
é testemunha possuída pela palavra
no papel ou no ar
Com meu corpo ando, pego, transpiro, pisco, respiro
A palavra todo-corpo não é abstração
é testemunha possuída pela palavra
no papel ou no ar
Transita em dois mundos
A abstração pode representar
Mas a representação pode enganar
Como corporificada por inteiro, a palavra é ato e testemunha, é fato
Há mais cabeças sem mulas por aí do que mulas sem cabeça